Hearstopper é uma série de quadrinhos, que já era muito famosa, e se tornou ainda mais viral após a adaptação para a Netflix. Eu conheci a história justamente através da série e acabei encantada com esse universo tão sensível e honesto que Alice Oseman criou.
Acabei de ler o volume 4 (o 5 foi lançado em dezembro de 2023). Mesmo estando um pouco atrasada, irei registrar o que achei do quarto volume, que tem como subtítulo 'De Mãos Dadas'. Ah, teremos spoilers sim. Sempre bom avisar.
Esse é a primeira vez que os quadrinhos são totalmente inéditos para mim, já que os volumes anteriores já estão adaptados na Netflix. Eu sabia que haveria um aprofundamento no transtorno de Charlie, e que eu poderia esperar uma história mais 'pesada' do que as anteriores.
Na verdade, Alice tem esse poder de apresentar assuntos e temas complexos, como bullying e homofobia, de uma forma muito sensível, e até educativa, eu diria. É uma escrita muito responsável, que consegue ter um tom de verossimilhança muito grande, sem perder a magia da ficção. Ela merece todo o sucesso e reconhecimento por isso!
Mas bem, voltando ao livro, ele começa com as férias de verão. Charlie está super tenso para falar 'eu te amo' para o Nick e por ali já começa a ficar claro que ele está agindo de forma estranha, mais inseguro que o normal. Ele acaba falando e é uma cena muito fofa e platônica, super Heartstopper. Já estou ansiosa para ver como ficou tudo isso na série(as gravações já terminaram!).
Nick fica 3 semanas fora com a família e os dois precisam lidar com a distância pela primeira vez. Nesse tempo, fica nítido que a relação com de Char com a família não é muito aberta e fácil, e Nick acaba sendo o principal apoio emocional do garoto, o que é problematizado nesse volume, de forma muito acertada.
A mãe de Nick nota a preocupação dele e tem uma conversa super esclarecedora para que Nick entenda o que ele pode e não pode fazer para auxiliar o namorado, sem cair na síndrome do salvador, que tantos de nós já caímos, não é mesmo? Por isso digo que essa série tem um caráter quase educativo e muito saudável para adolescentes, o público-alvo.
Outra coisa que acho interessante é a presença das pesquisas no Google para saber mais sobre o assunto. Nick principalmente faz muito isso, desde o dia que começou a desconfiar dos seus sentimos por Charlie. Nesse volume, ele busca muitas informações para ajudar a entender o que acontece com o namorado. Eu sei que realmente há diversas críticas passíveis de serem feitas ao mundo digital, mas acaba também sendo um lugar onde podemos encontrar muitas informações úteis, desde que haja interesse.
Ao longo da história Charlie vai piorando, até que finalmente Nick consegue auxilia-lo a contar para os pais. É outa cena que será emocionante na série, tenho certeza. Enfim, Charlie é internado em um hospital psiquiátrico e vemos a perspectiva dos dois sobre esses acontecimentos. Nick fala da importância de uma rede de apoio, os amigos, que ficam ao lado dele durante esse tempo, a preocupação com o namorado, as visitas ao hospital e a compreensão que sempre haverão altos e baixos.
Já Charlie duvida um pouco de alguns procedimentos, mas não desiste, e segue as orientações do seus médicos. Faz completo sentido um adolescente achar todo esse cuidado um saco, e às vezes querer só brigar com todo mundo. Charlie também conclui sobre a importância das outras relações em sua vida.
Em linhas gerais, entendo que nesse volume os dois evoluem daquela paixão inicial, que é bem cega, para a maturidade de uma relação, que é complexa e muito real, e envolve família, amigos, obrigações da escola, sentimentos e saúde mental. É importantíssimo essa mensagem que fica de 'o amor não resolve tudo'. Charlie e Nick estão juntos, se amam, a relação está caminhando bem, mas nada disso impediu que Charlie continuasse com o transtorno alimentar, e só o amor não foi capaz de cura-lo disso.
Charlie e Nick são humanizados o tempo todo, e isso humaniza o leitor por fim, também. Confesso que Alice me surpreendeu muito com esse volume, e já vou começar a ler o 5 sem demora!