Lançar álbuns surpresas está bem em alta. O maravilhoso duo Anavitória supreendeu com o lançamento de Cor, anunciado com horas de antecedência. Esse é o terceiro álbum de músicas inéditas das meninas, que já lançaram singles, eps e outros projetos desde O Tempo é Agora, de 2018. Preciso dizer que acompanho elas desde o começo, ouvi todos os álbuns e projetos e admiro demais todo o empenho que elas colocam em cada produção.
Além de um álbum com 14 faixas, as meninas lançaram vídeos (vizualizer) de cada música, eu considero um álbum visual, porque os vídeos estão super bem produzidos. Então vem comigo numa resenha faixa por faixa
#1 Amarelo, azul e branco ft Rita Lee
A canção que abre o álbum já mostra que podemos esperar trabalhos diferentes de tudo que elas já fizeram. Os primeiros versos são cantados a capela e os instrumentais vão ganhando força com o crescimento da música. Na verdade essa é a música mais fora da curva delas e funcionou bem demais. O título são as cores da bandeira do Tocantins, estado delas. A música fala de origens, passado, identidade, enfim, a letra é muito bem trabalhada. Ainda fala da força do cantar delas, "a minha força é meu império, minha proteção". E que império hein? Quem diria que as meninas que conquistaram todo mundo com músicas como Singular, faria músicas como essa. Quanto amadurecimento! Ainda tem espaço para falar da participação da Rita Lee? Achei maravilhoso, é uma canção que grita brasilidade.
#2 Te amar é massa demais
A brasilidade continua em alta na segunda faixa, mistura de samba e bossa nova. A música é leve, flui naturalmente, dá vontade de se apaixonar, de viajar, enfim. Sendo sincera, de cara, não é a que mais me chama atenção, porém, eu sei que agrada muito ao público delas. Inclusive, no momento, é a música com mais stream do álbum no Spotfy.
#3 Tenta acreditar
Pode entrar, uma das princesinhas do álbum. Ana não poupou na letra, está perfeita. O tema me lembra um pouco Dói Sem Tanto, do álbum passado. Basicamente é uma canção que fala do fim de um relacionamento em que os sentimentos estão confusos ainda, e o eu-lírico tenta se convencer que essa foi a melhor decisão. O instrumental está maravigold, o pré-refrão constroí o clímax perfeito e o refrão é de cantar a plenos pulmões. Estou amando a presença da bateria, tambores e instrumentos de percurssão nesse álbum. E os vocais delas estão incríveis, (esse refrão da Vitória, meu Deus!) explorando a extensão vocal de cada uma.
#4 Explodir
A faixa 4 é uma balada romântica, delicada e sincera. Já vi que também é uma das favoritas dos fãs. O violão tão famoso nas músicas delas, retorna aqui, com uma produção mais elaborada. A segunda metade da música recebe instrumentais mais encorpados e essa virada da música é linda, destaque para os vocais da Vitória, que está servindo muito! Pessoalmente falando, eu gosto da crescente do que da música em si.
#5 Cigarra
Após esse momento romântico, temos Cigarra que parece brincar com as palavras e os acordes. Essa canção me lembra muito o EP que elas lançaram para o dia das crianças, em 2018 se não me engano. É uma canção sobre encanto e beleza, bastante poética.
#6 Selva
Não perde o fôlego não porque elas ainda tem muito para entregar. Selva continua a brincar com as palavras, todas proparoxítonas nos versos acompanhados por uma base de piano. Acho maravilhoso o quanto essa letra aborda tanto temas, cada frase funciona separada e acrescenta camadas de sentido à música. O refrão explode nos ouvidos, voltamos a uma base de violão bem produzida e uma melodia que aquece qualquer coração. Ainda tem uma ponte com trombones, que deixa ainda mais perfeito. Essa é uma música para ouvir e pensar na vida, no futuro, no presente, enfim. Acho que é uma das minhas músicas favoritas que elas já fizeram até hoje.
#7 (dia 34)
A faixa 7 funciona como um interlúdio, marca a metade do álbum e a transição para mais baladas. Eu adoro quando os artistas fazem essas coisas pensando em quem ouve o álbum inteiro na ordem.
#8 Ainda é tempo
Quem ouve tudo, nem percebe quando acaba dia 34 e começa ainda é tempo. É a canção mais curta do álbum, é quase um segundo interlúdio. Na minha opinião, é um dos vizualizer mais lindos que elas lançaram e a canção também é perfeita, principalmente para abrir o tom da segunda metade. Aqui temos um piano (lindo) que acompanha a canção. Ana canta essa sozinha, (acho que elas nunca tinham gravado uma música inteira sozinhas) e a performance vocal dela está belíssima.
#9 Eu sei quem é você
O instrumental dessa faixa me remete muito o álbum anterior delas. A letra é sobre uma pessoa que é famosa e canta sobre o amor, mas não sabe o que é amor. Impossível não lembrar da treta delas com o Tiago Iorc, "me assusta ver a multidão te aplaudir, você nem mesmo se conhece." Pode ser também sobre algum outro artista que elas conheceram de verdade. A performance vocal delas está muito forte e até agressiva, em certos pontos. Quem imaginaria Anavitória fazendo músicas de indireta, alo Taylor!
#10 Terra
A faixa 10 é a mais sensual (sim) que elas já cantaram. O instrumental (lembra várias músicas, como Only love can hurt like this, da Paloma Faith ou Dangerous Woman) dá esse tom mais sensual e provocativo, e se resta alguma dúvida, assista o vizualizer, perfeito. Ela lembra a canção A gente junto, do álbum passado. A letra também é cheia de significados e as frases adquirem vários sentidos. Eu entendo que é uma canção sobre a intimidade em um relacionamento de uma forma natural. Agora pausa, o que é a ponte dessa canção? É talvez meu instrumental favorito, com trombones crescendo, criando mais ainda a atmosfera de sensualidade. Sem palavras.
#11 Abril
Abril retoma o piano e desacelera o ritmo do álbum. É uma balada para curtir a bad, com uma letra muito sensível. Em uma das poucas repetições do álbum, o refrão entoa "eu quero por tudo te ter aqui, mas eu quero teu peito gritando meu nome". Fala sobre a monotonia dos relacionamentos, em um momento em que já não se sabe se o outro continua tão interessado. O instrumental é, novamente, belissímo, e dá uma sensação que a música cresce e tem movimento.
#12 Te Procuro
A faixa 12 continua o clima de abril, quando o relacionamento já terminou, mas o eu-lírico ainda não consegue deixar o outro. As harmonias delas estão lindas, como sempre. Admito que não consigo ouvir muito essa ainda, porque ela me bate muito forte no emocional.
#13 Carvoeiro
A penúltima música tem um instrumental que remeteu a Los Hermanos, essa guitarra é muito Los Hermanos! E acredito que até a letra, porque ela tem um que de melancolia. "Eu cansei da gente se cansar", "nessa armadilha que é te agarrar e não querer prender". Esse também é um tema de Doi sem Tanto, a liberdade no amor. Carvoeiro para mim é sobre uma tentativa de redirecionar o relacionamento para que ele seja mais saudável, ou talvez, terminar, "a gente nunca sabe quando é hora de acabar". Acho que é uma música que será mais apreciada quando a gente se cansar das favoritas.
#14 Lisboa ft Lenine
Chegamos a última canção. Abrimos com a participação de Rita e fechamos com Lenine. Não tem como um álbum desses ser ruim. Uma música simples, que tem um violão dedilhado como base. A letra é uma declaração de amor. Sim, temos Ana e Vitória harmonizando com Lenine. Do que mais precisamos para saber que 2021 tem potencial de ser bom?
RESUMO: Talvez muita gente ache que Anavitória se resume a músicas fofinhas de amor, mas há tempos elas já são bem mais que isso. Se isso já estava provado com O Tempo é Agora, COR vem coroar o amadurecimento delas. O álbum traz novidades sonoras para elas mas sem soar forçado, muito pelo contrário, parece um caminho natural. As letras ajudam a ter essa sensação ´' é claro que é Anavitória", com canções como Te amar é massa demais e Explodir. Alcançando novas terras, com Amarelo, Azul e Branco, e outras canções como Terra, Tenta Entender e Selva. Os vocais alcançam novas notas, as harmonias soam diferente, temos mais Ana cantando sozinha, e Vitória cantando sozinha, destacando os talentos de cada uma. Revisitando a brasilidade, vemos referências como Os Tribalistas, Tropicália, Los Hermanos e tantos outros. Os trombones e tambores complementam uma pegada mais folk das músicas, criando a sonoridade única do COR, que na verdade, é inteiro colorido.
As favoritas: Tenta Acreditar, Selva, Terra, Abril, Amarelo, azul e branco, Ainda é Tempo
As queridinhas: Lisboa, Eu sei quem é você, Cigarra, Carvoeiro
Gostei, mas não bateu de primeira: Explodir, Te amar é massa demais, Te Procuro.
Quero saber suas favoritas e sua opinião sobre o COR. Até a próxima!